terça-feira, 19 de outubro de 2010

Falso retrato de uma noite inexistente .

  Acordei. Eu estava na sua cama, seu corpo e seu cobertor me protegiam de todo o frio dessa cidade. Eu contemplava seu rosto, com todas aquelas micro imperfeições que pra mim eram apenas marcas de toda a sua maturidade, e naquele momento eu também fazia parte do pacote, tudo lhe pertencia inclusive meu corpo e minha mente. Parei fechei os olhos e os abri rapidamente, pronto, percebi que não era um sonho. 
   O sol já ardia meus olhos e os seus continuavam fechados, pareciam não se incomodar com os raios que invadiam com facilidade a janela sem cortinas. Se o sol não era capaz de te acordar, alguém tinha que ser, e antes que outro habitante da casa resolvesse fazer isso, chamei teu nome, não com muita delicadeza na fala, mas sim no gesto, tocava seus lábios grossos. Imaginei que seria difícil acordar quem havia dormido apenas 3 horas, mas não foi. Você sorriu pra mim e me abraçou, eu de certa forma rejeitei, não propositalmente, é que a ficha foi caindo e senti medo. Medo de você tentar ser muito carinhoso ou até de me apaixonar, medo de você deixar de ser quem é só pra mim, e incoerentemente medo que fosse mais um blefe seu.
   Nenhuma palavra considerável até a minha casa, eu não devia estar cheirando tão bem quanto na noite anterior quando nos encontramos, mas você estava com seu cheiro de sempre, uma mistura de cheiros da qual eu sempre gostei muito. Agradeci, não sei se você entendeu que meu ''muito obrigada'' era pela noite não por ter me levado até ali.
  Não era realmente um sonho mas dias depois acordei pra minha própria consciência, vejo que não sou sua, não me encaixo ao teu lado por muito tempo. Mentiu tão bem que nos uniu por toda aquela noite, e hoje tento te atrair a algo parecido... bebidas, prazer, sorrisos, um bom e familiar aroma, um agradecimento e só. Te quero sem muito afeto, com sua leve frieza e subliminaridade. É o que preciso nos sábados frios às 2:00 da manhã.

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